AFP, PUBLICO.PT
O Governo de Gordon Brown deverá autorizar amanhã o regresso do país ao nuclear, com a construção de dez novas centrais no Reino Unido, algo que já não acontece desde a década de 1970. Estas deverão produzir 20 por cento, ou mais, da electricidade do país.
O secretário de Estado para as Empresas, John Hutton, deverá anunciar no Parlamento a decisão final de Downing Street sobre este assunto, depois de quase quatro anos de debate interno.
Segundo o "The Guardian", as novas centrais deverão ser construídas nos locais onde se situam as já existentes.
No entanto, o Governo já se pronunciou a favor desta forma de energia em 2006, quando Tony Blair ocupava o poder. Mas nessa altura, a Justiça não validou o debate público, o que obrigou a reabrir o processo de consulta pública.
Actualmente, 18 por cento da electricidade consumida no Reino Unido é produzida por dez centrais nucleares dos anos 1960 e 1970. Na França, essa percentagem é de 78 por cento.
Hoje, o Governo é confrontado com um parque de centrais envelhecidas, um aumento dos consumos e o elevado preço do petróleo e gás natural. Também pesam na balança as emissões de gases com efeito de estufa que estes combustíveis fósseis acarretam.
E se Downing Street se comprometeu com as energias renováveis, como a solar e a eólica – com múltiplos projectos por todo o país -, estas ainda são demasiado caras e tecnologicamente pouco avançadas para constituírem a principal fonte de energia.
Gordon Brown já preparou o terreno ao declarar, por várias vezes nos últimos meses, que “novas centrais nucleares terão um papel no combate às alterações climáticas e na melhoria do abastecimento energético”.
Depois da provável autorização do Governo, caberá aos produtores de electricidade pedir licenças para construir e explorar as novas centrais. O francês EDF, presente no Reino Unido através da EDF Energy, já propôs construir quatro centrais até 2025.
O grupo alemão EON também já manifestou interesse.
Empresas especializadas no nuclear e em infra-estruturas energéticas – como os franceses Areva e Alstom ou o americano Westinghouse (do japonês Toshiba) – também já ofereceram os seus serviços para a construção da nova geração de centrais.
Os industriais deverão assumir todos os custos com o desmantelamento das novas centrais e uma “parte razoável” do preço da gestão dos resíduos radioactivos que gerarem, avisou Downing Street.
A organização ecologista internacional Greenpeace já criticou este provável regresso ao nuclear e ameaçou pedir a anulação da nova consulta pública na Justiça, considerando que não passou de uma farsa, na medida em que o Governo já estava decidido.
Steve Webb, o porta-voz para o Ambiente dos democratas liberais, condenou a decisão. "Deviamos estar a concentrar os nossos esforços nas renováveis e na maior poupança de energia", disse, citado pelo "The Guardian". "Os ministros deviam também promover e apoiar o sequestro e armazenamento de carbono".
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