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quarta-feira, 13 de junho de 2007

As aves do Parque Natural de Montesinho

A comunidade de aves de Montesinho é única. A miscelânia de características biogeográficas resultante da sua localização e relevo fazem desta área um local onde se pode encontrar uma mistura diversa e inesperada de espécies.

Luís Miguel Reino

No Parque Natural de Montesinho (PNM) estão inventariadas aproximadamente 155 espécies de aves, das quais 126 são dadas como nidificantes. Comparando com outras áreas ibéricas de montanha, pode-se considerar este como um número relativamente elevado, consequência da enorme diversidade de habitats existentes no PNM.


O sistema Montesinho-Coroa e a vizinha Serra da Nogueira, correspondem à extremidade sul de um sistema montanhoso contínuo que se inicia no sentido este-oeste nos Pirenéus, Montes Cantábricos e Picos de Europa, prolongando-se para sul pelos Montes Aquilianos, Montes de Leão e Serra de Sanábria.
Por conseguinte, seria de esperar que o PNM apresentasse uma avifauna semelhante aos sistemas montanhosos atrás referidos. Contudo, a área de Montesinho não apresenta altitudes tão elevadas (acima dos 1500 metros de altitude), o que muitas vezes constitui um factor limitante para a ocorrência de uma série de espécies no Sul da Europa. Mesmo assim, algumas espécies de montanha ainda ocorrem na área do PNM. Por outro lado, a influência de um gradiente de continentalidade acentua as características mediterrânicas da paisagem, o que se traduz na vegetação e consequentemente nas comunidades de aves que a frequentam. Esta miscelânia de características ecológicas contribui para a diversidade da avifauna do Parque.


Muitas das espécies de aves no PNM apresentam uma distribuição muito localizada, o que se deve à especificidade das suas exigências ecológicas e área relativamente restrita dos seus habitats. Exemplo disto mesmo é a Petinha-ribeirinha Anthus spinoletta cujo único lugar onde a nidificação desta espécie foi comprovada situa-se na Lama Grande (numa altitude superior aos 1400 metros em plena Serra de Montesinho).
Existe mais um grupo de espécies que normalmente em Portugal encontra-se associado a àreas de maior altitude, e que em termos nacionais devem ser mencionadas devido à sua relativa raridade como nidificantes no território nacional. Destacamos a Petinha-das-árvores Anthus trivialis, espécie que como o nome indica está associada a árvores, o Picanço-de-dorso-ruivo Lanius collurio, o Tordo-comum Turdus philomelos, e o Cartaxo-nortenho Saxicola rubetra. Estas espécies pertencem a ambientes biogeográficos europeus ou nortenhos.

O Parque, apresenta ainda outras espécies cujas populações apresentam alguma relevância no contexto nacional. Por exemplo, no PNM existem três casais de Águia-real, usando paredes rochosas e fragas para construir os seus ninhos. O Tartaranhão-azul Circus cyaneus, é uma ave de rapina muito rara como nidificante no território nacional. No Parque, existe uma pequena população nidificante, a mais importante no contexto nacional. Destacamos também o Melro-das-rochas Monticola saxatilis, espécie que nidifica em meios rochosos por vezes com pastagens.


Outras espécies, pelo contrário, caracterizam-se por uma maior abundância e versatilidade ecológica como o Tartaranhão-caçador Circus pygargus, espécie característica de matos e culturas cerealíferas. Podemos ainda citar a mítica Cegonha-branca Ciconia ciconia, o melódico Mocho-pequeno Otus scops, a abundante Felosa-carrasqueira Sylvia cantillans, espécie associada a matos e arbustos, a Felosa de Bonelli Phylloscopus bonelli, espécie confinada a zonas florestais e agro-florestais.


Resumindo, a comunidade de aves do Parque representa um importante valor natural, possuindo um vasto conjunto de peculiaridades a nível nacional que urge gerir e conservar.

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