A comunidade de aves de Montesinho é única. A miscelânia de características biogeográficas resultante da sua localização e relevo fazem desta área um local onde se pode encontrar uma mistura diversa e inesperada de espécies. Luís Miguel Reino | ||
No Parque Natural de Montesinho (PNM) estão inventariadas aproximadamente 155 espécies de aves, das quais 126 são dadas como nidificantes. Comparando com outras áreas ibéricas de montanha, pode-se considerar este como um número relativamente elevado, consequência da enorme diversidade de habitats existentes no PNM. O sistema Montesinho-Coroa e a vizinha Serra da Nogueira, correspondem à extremidade sul de um sistema montanhoso contínuo que se inicia no sentido este-oeste nos Pirenéus, Montes Cantábricos e Picos de Europa, prolongando-se para sul pelos Montes Aquilianos, Montes de Leão e Serra de Sanábria. | ||
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Por conseguinte, seria de esperar que o PNM apresentasse uma avifauna semelhante aos sistemas montanhosos atrás referidos. Contudo, a área de Montesinho não apresenta altitudes tão elevadas (acima dos 1500 metros de altitude), o que muitas vezes constitui um factor limitante para a ocorrência de uma série de espécies no Sul da Europa. Mesmo assim, algumas espécies de montanha ainda ocorrem na área do PNM. Por outro lado, a influência de um gradiente de continentalidade acentua as características mediterrânicas da paisagem, o que se traduz na vegetação e consequentemente nas comunidades de aves que a frequentam. Esta miscelânia de características ecológicas contribui para a diversidade da avifauna do Parque. Muitas das espécies de aves no PNM apresentam uma distribuição muito localizada, o que se deve à especificidade das suas exigências ecológicas e área relativamente restrita dos seus habitats. Exemplo disto mesmo é a Petinha-ribeirinha Anthus spinoletta cujo único lugar onde a nidificação desta espécie foi comprovada situa-se na Lama Grande (numa altitude superior aos 1400 metros em plena Serra de Montesinho). | ||
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Existe mais um grupo de espécies que normalmente em Portugal encontra-se associado a àreas de maior altitude, e que em termos nacionais devem ser mencionadas devido à sua relativa raridade como nidificantes no território nacional. Destacamos a Petinha-das-árvores Anthus trivialis, espécie que como o nome indica está associada a árvores, o Picanço-de-dorso-ruivo Lanius collurio, o Tordo-comum Turdus philomelos, e o Cartaxo-nortenho Saxicola rubetra. Estas espécies pertencem a ambientes biogeográficos europeus ou nortenhos. | ||
O Parque, apresenta ainda outras espécies cujas populações apresentam alguma relevância no contexto nacional. Por exemplo, no PNM existem três casais de Águia-real, usando paredes rochosas e fragas para construir os seus ninhos. O Tartaranhão-azul Circus cyaneus, é uma ave de rapina muito rara como nidificante no território nacional. No Parque, existe uma pequena população nidificante, a mais importante no contexto nacional. Destacamos também o Melro-das-rochas Monticola saxatilis, espécie que nidifica em meios rochosos por vezes com pastagens. Outras espécies, pelo contrário, caracterizam-se por uma maior abundância e versatilidade ecológica como o Tartaranhão-caçador Circus pygargus, espécie característica de matos e culturas cerealíferas. Podemos ainda citar a mítica Cegonha-branca Ciconia ciconia, o melódico Mocho-pequeno Otus scops, a abundante Felosa-carrasqueira Sylvia cantillans, espécie associada a matos e arbustos, a Felosa de Bonelli Phylloscopus bonelli, espécie confinada a zonas florestais e agro-florestais. Resumindo, a comunidade de aves do Parque representa um importante valor natural, possuindo um vasto conjunto de peculiaridades a nível nacional que urge gerir e conservar. | ||
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quarta-feira, 13 de junho de 2007
As aves do Parque Natural de Montesinho
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