A categorização e classificação da biodiversidade são ferramentas fundamentais para a investigação dos seres vivos. Após diversas tentativas, no séc. XVIII, Carl Linée criou um sistema de classificação eficaz, que ainda hoje é utilizado. Rui Braz e Maria João Cruz | ||
Actualmente conhecem-se mais de 1,5 milhões de espécies e pensa-se que poderão existir cerca de 8 milhões ainda por descrever. Face a esta enorme diversidade, seria impossível a um biólogo referir-se a uma espécie ou a um taxon mais elevado se cada um deles não tivesse um nome próprio. No entanto, a atribuição de nomes comuns ou vernáculos não resolve o problema, pelo contrário, a comunicação científica seria mais difícil, uma vez que os especialistas teriam que aprender os nomes em inúmeras línguas para que pudessem trocar informações acerca de uma mesma espécie. Existem ainda outras dificuldades, tais como o facto de só existirem nomes comuns para os organismos mais conhecidos, o mesmo organismo poder ter vários nomes ou um mesmo nome poder ser usado para designar espécies muito diferentes. | ||
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Os biólogos adoptaram uma língua através de um acordo internacional, permitindo assim que cada animal tivesse um único nome que pudesse ser usado em todo o mundo. A atribuição de nomes científicos às espécies deve respeitar um código que desempenha a mesma função que a gramática de uma língua. Qualquer taxonomista que queira atribuir um novo nome deve seguir as regras do Código Internacional da Nomenclatura Biológica. Devido às particularidades de alguns organismos, existem regras distintas para animais, plantas e bactérias. | ||
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Para que a nomenclatura científica funcione, assim como qualquer sistema de comunicação, há que respeitar alguns requisitos, três dos quais são especialmente importantes: a unicidade ou especificidade, a universalidade e a estabilidade. Cada nome deve ser único e universal porque é a chave de acesso a toda a informação relacionada com determinada espécie ou grupo taxonómico. Se um mesmo animal recebeu vários nomes, tem de existir um método que dê validade a um deles. Por outro lado, qualquer mudança de nome pode causar confusão e dificultar a recolha de bibliografia. | ||
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As bases deste código foram sugeridas pela primeira vez em 1758, pelo sueco Carl Von Linée. Este botânico introduziu o uso dos nomes científicos tal como são usados hoje em dia. O nome científico de cada espécie é composto por um nome genérico e pelo epíteto específico (por exemplo, o nome científico do lobo é Canis lupus (Linnaeus, 1758)), o primeiro corresponde ao género a que a espécie pertence (sempre com letra maiúscula) e o segundo acentua o carácter único da espécie (letra minúscula). O nome científico deve ser escrito em itálico ou sublinhado e pode ser seguido do nome ou abreviatura de quem descreveu a espécie pela primeira vez e o ano em que o fez. Quando dentro de uma espécie há grupos reconhecidamente diferentes, esses grupos são denominados de subespécies. Nesse caso utiliza-se um terceiro nome após o nome da espécie, o epíteto subespecífico, escrito em letras minúsculas: por exemplo, à subespécie de lobo existente na Península Ibérica dá-se o nome de Canis lupus signatus (Cabrera, 1907). | ||
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A desvantagem deste sistema é a sua instabilidade. O nome de uma espécie é alterado sempre que é mudada para um género diferente, o que dificulta a recolha de informação acerca de cada espécie. Por exemplo, quando se procedeu a uma única revisão num grupo de 332 espécies de abelhas, foi necessária a alteração de 288 nomes científicos. Porém, como ainda não foi sugerido um sistema mais eficaz, este código continua a ser usado e é aperfeiçoado periodicamente. | ||
Bibliografia Almaça, C. (1993). As Classificações biológicas. Aspectos históricos. Museu Bocage, Lisboa. Lineu, C. 1758 (1939). Systema Naturae, 10ª ed. British Museum, London. Mayr, E. e Ashlock, P. (1991). Principles of systematic zoology. 2nd Edition. McGraw Hill, Inc. Singer, C. (1931). A short history of biology. Clarendon Press, Oxford. |
quarta-feira, 27 de junho de 2007
O Porquê dos Nomes Científicos
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