«A escassez de água é resultado da sua má utilização, principalmente na agricultura e nas autarquias». Esta é a opinião de Eugénio Sequeira, presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), que considera «inaceitável» que ainda não tenha sido posto em prática o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água. Aprovado em 2005 por resolução do Conselho de Ministros, o relatório sobre a sua implantação ainda não recebeu o aval do Ministério do Ambiente.
«Desde o ano 2000 que devíamos estar a aplicar as medidas de uso eficiente da água. Há uma grande preocupação com a seca, nomeadamente ao nível da presidência portuguesa da União Europeia. Constroem-se barragens por todo o lado, mas ainda não se aplicou um dos princípios elementares da Directiva-Quadro da Água: o custo tem de ser coberto», defende. O especialista lança, assim, uma crítica aos «maiores consumidores de água, que não têm o mínimo de cuidado porque são subsidiados: os agricultores, dos quais 95 por cento não paga o custo real da água. Além disso, cerca de 40 por cento da água usada para rega podia ser poupada».
Eugénio Sequeira acrescenta ainda que «nos sistemas públicos, com as grandes barragens, a água custa 13 cêntimos por metro cúbico e a agricultura não chega a pagar 20 por cento, para além de que os sistemas de regadio em cima das zonas de recarga degradam os aquíferos». Nas autarquias, «também se desperdiça, ao utilizar-se água potável para rega, ainda por cima na hora de ponta», denuncia.
Para o presidente da LPN, «era preciso fazer uma verdadeira campanha de sensibilização. Temos leis-base brilhantes, mas que depois não são aplicadas. O que importa ao Governo é fazer investimento público. Penso que terá de haver uma alteração de base da política de uso da água».
Sofia Vasconcelos
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