Lic de Biologia no ISA

A licenciatura tem um perfil técnico-científico de banda larga, com três anos iniciais seguidos de posterior de formação com carácter aplicado. O ISA é uma das escolas com maior experiência no domínio da Biologia Aplicada e os licenciados terão uma sólida formação científica e oportunidades de emprego generalista em todos os domínios da Biologia, nomeadamente nas áreas do ambiente e ecologia aplicada, genética e biologia molecular, conservação da natureza e utilização e conservação dos recursos biológicos, podendo desempenhar funções na investigação científica, em laboratórios especializados, bem como em tarefas de consultadoria.

domingo, 27 de janeiro de 2008

A caminho do primeiro organismo artificial? Investigadores norte-americanos criam genoma sintético de bactéria!


Bactéria 'Mycoplasma genitalium'
Bactéria 'Mycoplasma genitalium'

Investigadores norte-americanos do Instituto Venter anunciaram hoje ter conseguido criar em laboratório o primeiro genoma sintético de uma bactéria, um passo considerado crucial para a criação de uma forma de vida artificial. Trata-se da maior estrutura de DNA alguma vez fabricada pelo homem, destacam os autores deste estudo, publicado hoje na revista científica norte-americana Science.

"Isto representa um avanço entusiasmante para nós investigadores e para esta disciplina", afirmou hoje Daniel G. Gibson, principal autor do estudo, no qual também participou Craig Venter, fundador do Instituto e um dos mais controversos pioneiros da biotecnologia.

ND - Ver informação do Institute Venter em http://www.jcvi.org/cms/research/projects/chemical-synthesis-of-the-mycoplasma-genitalium-genome/overview/



Craig Venter já se tinha distinguido pela sequenciação do genoma
Craig Venter já se tinha distinguido pela sequenciação do genoma

Porém, o principal responsável pelo documento sublinhou que os trabalhos continuam com o "objectivo último" de "inserir um cromossoma sintético numa célula [viva] para criar o primeiro organismo artificial".

"Demonstrámos que é possível criar artificialmente grandes genomas e ajustar o seu tamanho, o que abre caminho para potenciais aplicações importantes, tais como a produção de biocombustíveis ou para o absorção de dióxido de carbono [CO2]", explicou Hamilton Smith, um dos co-autores da investigação.

De acordo com este investigador, através desta descoberta será também possível "produzir organismos artificiais para o tratamento biológico de resíduos tóxicos", entre outros. O principal autor do estudo, Dan Gibson, precisou que a pesquisa "representa a segunda das três etapas para a criação de um organismo vivo inteiramente artificial".

Para a etapa final - na qual os especialistas já se encontram a trabalhar - os investigadores do Instituto Venter vão tentar criar uma célula artificial de bactéria baseada inteiramente no genoma sintético da bactéria 'Mycoplasma genitalium', que acabam de produzir. Ou seja, este cromossoma será transplantado para uma célula viva, da qual poderá tomar o controle e transformar-se em uma nova forma viva.

Escrever o código genético

O genoma que os investigadores conseguiram criar em laboratório copia partes essenciais do DNA da bactéria "Mycoplasma genitalium" e foi baptizado pelos seus criadores de 'Mycoplasma laboratorium'. O Mycoplasma genitalium é um organismo relativamente simples quando comparado com um ser humano, já que é composta por 580 genes enquanto um humano é composto por 36.000 genes.

Citado pelo jornal britânico The Guardian, o fundador do Instituto, Craig Venter, já tinha afirmado que esta descoberta iria permitir aos investigadores "passar da leitura do código genético" para a possibilidade de "ter a habilidade de escrevê-lo".

"Isto dá-nos a capacidade hipotética de fazer coisas que não foram imaginadas antes", frisou.

De acordo com Pat Mooney, director da organização canadiana ETC Group, um grupo de reflexão sobre bioética, os investigadores estão a criar "um chassis sobre o qual se pode construir praticamente qualquer coisa".

"Pode-se tornar numa contribuição à humanidade tão grande como um novo medicamento, ou uma enorme ameaça, como uma arma biológica", advertiu.

Reacções cautelosas

Mas outros cientistas são mais cautelosos, considerando que Venter e sua equipa ainda estão longe de poder criar vida artificial. Eckard Wimmer, professor de Biologia Molecular do Departamento de Genética Molecular da Universidade de Nova York, pergunta-se por que o Instituto Venter já não pôde, com este genoma artificial, recriar um organismo artificial.

Ressaltou um comentário dos autores ao final do estudo indicando que "o vetor (genoma artificial) talvez não fosse viável para transplantes experimentais". Uma opinião compartilhada por Helen Wallace, bióloga e porta-voz do GeneWatch Grã-Bretanha, que considerou que embora a equipe de Venter tenha feito uma proeza técnica, não é vida artificial. "Venter não é Deus. Está a um longo caminho de criar vida", disse à AFP.

"É um tipo de engenharia genética que permitiria às pessoas realizarem mudanças genéticas muito maiores, o que significa que no futuro possam ser criados organismos com novas seqüências de genes", considerou.

Sem comentários: