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quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Descoberto factor de protecção para a hemocromatose hereditária

Equipa do IBMC liderada por Maria de Sousa publicou ontem resultados da investigação

Um grupo de investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) encontrou um novo interveniente nos mecanismos da hemocromatose hereditária. A doença que em Portugal pode afectar duas a três pessoas em cada mil tem maior incidência no norte do país. Quando não diagnosticada e tratada a doença pode levar a cirrose hepática, diabetes, impotência, problemas cardíacos e cancro do fígado. Esta descoberta foi publicada ontem no Free Radical Biology and Medicine.

A equipa de investigação do IBMC, liderada por Maria de Sousa, demonstrou que os doentes com maior quantidade de uma proteína nas células, a calreticulina, apresentam sintomas mais ligeiros da doença. Segundo Jorge Pinto, primeiro autor do artigo, esta proteína tem um papel protector contra o “stress” causado pela acumulação de ferro e de proteínas com conformação incorrecta em células do fígado, típicos da hemoromatose.

A hemocromatose hereditária é uma doença do metabolismo do ferro caracterizada pela deposição excessiva deste elemento nos tecidos, especialmente no fígado. O grupo de investigação do IBMC tem vindo a relacionar esta doença com a acumulação de uma proteína defeituosa no interior das células, a HFE. Na realidade, em 80% dos casos de hemocromatose existe uma mutação num gene específico que leva à produção e acumulação da HFE com estrutura incorrecta. No entanto, apenas uma fracção dos indivíduos com a mutação apresenta os sintomas da hemocromatose. Por este motivo, os investigadores deste grupo têm procurado identificar outros factores que poderão condicionar a manifestação da doença em portadores desta mutação.

Evitar proteínas defeituosas

O nosso organismo tem formas de evitar acumulação de proteínas defeituosas através de um mecanismo complexo que inclui a calreticulina. A abundância desta proteína está associada à capacidade das células corrigirem esses problemas, razão que a tornou num dos alvos de investigação deste grupo.

O estudo, agora publicado, teve duas abordagens distintas, uma in vitro, com a utilização de células com origem no fígado, e outra in vivo, onde foram estudadas células do sangue de doentes com hemocromatose. Ambas provaram que a calreticulina tem um papel protector no contexto da hemocromatose.

Os investigadores avançam agora para a compreensão dos mecanismos por detrás deste fenómeno protector. Segundo a equipa, o aumento de calreticulina em alguns doentes com hemocromatose pode ter duas razões, não exclusivas: em primeiro lugar, a calreticulina aumenta em resposta aos radicais livres, altamente reactivos e prejudiciais, originados pela acumulação de ferro nas células do fígado ou, em segundo lugar, a produção desta proteína protectora integra o mecanismo global de resposta das células à presença da proteína de conformação incorrecta, causadora da doença.

Jorge Pinto conclui que “os níveis de calreticulina em cada indivíduo, os quais são controlados por uma grande variedade de factores, parecem ser importantes para que uma pessoa com a mutação no gene HFE venha a desenvolver sintomas mais ou menos severos de hemocromatose”.

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