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Delegados de 140 países reúnem-se a partir de hoje em Valência, Espanha, para preparar a cimeira de Bali, em Dezembro, que deverá lançar as bases para a nova estratégia mundial de combate às alterações climáticas. Em Valência será publicado um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) que resume três documentos publicados este ano.
Este relatório síntese, a aprovar em Valência na 27ª sessão do IPCC, poderá encerrar as linhas orientadoras da futura estratégia de combate ao sobre-aquecimento do planeta. O documento resume em 70 as 2500 páginas de alertas e conselhos políticos, publicados ao longo de 2007, em três relatórios.
O esboço do relatório síntese foi preparado por 40 cientistas dos grupos que elaboraram os três relatórios e será debatido parágrafo a parágrafo por cientistas e governos.
Facto inédito, a apresentação do documento contará com a presença de Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, que quer mostrar o seu apoio ao IPCC, rede criada em 1988 e que hoje reúne 600 cientistas de todo o mundo.
O resultado desta sessão de Valência pretende contribuir para o sucesso da cimeira de Bali, em Dezembro, onde serão lançadas as bases para o sucessor do Protocolo de Quioto, que termina em 2012. Este obriga 36 países industrializados a reduzir, em média, as suas emissões de gases com efeito de estufa em 5,2 por cento, em relação a níveis de 1990.
“Este relatório é o mais convincente do ponto de vista científico relativamente à urgência das alterações climáticas”, considera John Hay, porta-voz da Convenção Quadro da ONU para as Alterações Climáticas, citado hoje pela edição online do “International Herald Tribune”.
O presidente do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri, comentou que este é “o documento mais relevante para a tomada de decisões políticas alguma vez produzido pelo IPCC”. “Será lido por políticos, empresários, chefes de governo e de estado antes de Bali, um encontro de importância crítica”, acrescentou.
Em Fevereiro, o IPCC apresentou em Paris um relatório onde mostra que as alterações climáticas são inequívocas e devido à acção humana. Um mês mais tarde apresenta em Bruxelas o segundo relatório, onde alerta que os impactos das alterações vão prejudicar gravemente as economias, espalhar doenças e promover migrações em massa. Em Abril, o IPCC divulgou em Banguecoque que algumas das piores consequências serão inevitáveis sem uma acção imediata.
Relatórios do IPCC acusados de omitir dados
Este fim-de-semana, a organização não governamental espanhola WWF/Adena criticou que “os governos omitiram informação importante nos documentos de síntese do IPCC, destinado aos responsáveis políticos”, lembrou o “El Mundo” online.
“Há um grande contraste entre a grande riqueza dos relatórios realizados pelos grupos de trabalho do IPCC e a informação que aparece nos documentos de síntese para os responsáveis políticos”, comenta Hans Verolme, director do programa de alterações climáticas da WWF/Adena.
Segundo esta organização, parte da informação omitida refere-se ao aumento da frequência de furacões potencialmente destruidores, do sobre-aquecimento da superfície do Oceano Pacífico e da perda de glaciares nos Alpes.
No mês passado, o cientista britânico James Lovelock (pai da teoria de Gaia) disse em Londres na Academia Real das Ciências que mesmo as estimativas mais negras do IPCC subestimam a gravidade das alterações climáticas.
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