Lusa
A falta de chuva e as altas temperaturas para a época estão a afectar algumas culturas de Outono/Inverno no Alentejo, como cereais e olival, preocupando os agricultores da região que temem o "fantasma" da seca.
"Os agricultores alentejanos andam preocupados com o tempo e temem um novo ciclo de seca", disse hoje à agência Lusa o responsável no Alentejo da Associação de Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), Nelson Figueira, lembrando que "o fantasma da seca de 2005 ainda acompanha" os homens da terra.
"A falta de chuva e as altas temperaturas deste Outono são sintomas que não auguram nada de bom", vaticinou o responsável, acrescentando que "fazem lembrar o Outono de 2004, quando começou a grave seca que afectou o país em 2005", com especial incidência no Alentejo.
"Os agricultores estão muito apreensivos", confirmou também hoje à Lusa o presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), Fragoso de Almeida, manifestando-se "preocupado" com a possibilidade de um novo ciclo de seca afectar o Alentejo.
Neste momento, "não existem casos graves", garantiu Fragoso de Almeida, alertando, contudo, para eventuais "sérios problemas na gestão agrícola das explorações", se as actuais condições metrológicas se mantiverem.
De acordo com os representantes associativos, o tempo seco e quente deste Outono está a afectar algumas culturas de Outono/Inverno no Alentejo, como as de cereais praganosos (trigo, cevada e aveia), olival e pastagens naturais.
Quanto às culturas cerealíferas, "os agricultores que semearam cedo não vêem a semente desenvolver e os que estavam agora a semear tiveram que parar os trabalhos", explicou Fragoso de Almeida.
A manter-se a falta de água, "os agricultores vão adiar ou desistir de fazer sementeiras cerealíferas", sublinhou Nelson Figueira, salientando que, "ainda é cedo para diagnósticos, mas é provável que haja uma quebra na produção de cereais".
Os olivais também estão a "ressentir-se" da falta de água e do tempo quente, que "estão a provocar o aparecimento nas azeitonas de fungos, como a gafa", cujos estragos "poderão reflectir-se na quantidade e qualidade da produção", alertou Nelson Figueira.
No que respeita às pastagens naturais para alimentar o gado, "a chuva que caiu no final do Verão, ainda muito cedo, estragou os pastos secos que havia nos campos e fez nascer novas ervas, que estão a secar porque não chove", explicou Nelson Figueira.
Agora, a falta de chuva está a "prejudicar" o nascimento das novas pastagens, afirmou Fragoso de Almeida, alertando que a situação começa a ser "preocupante" e a tornar-se "dispendiosa" para os agricultores, que têm que adquirir forragens e rações para alimentar os animais.
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