Lusa
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, dramatizou hoje as consequências de uma eventual paralisia a nível mundial no combate às alterações climáticas, sublinhando que este fenómeno constitui uma "ameaça" para a segurança global.
"As alterações climáticas constituem uma ameaça para a segurança global. Basta imaginar a luta com que nos iremos confrontar, no final do século, pelo acesso às fontes de energia e aos recursos naturais, e as migrações potencialmente geradoras de conflitos", declarou o ex-primeiro-ministro português.
Durão Barroso falava na sessão de abertura da 2ª Edição das Jornadas Europeias do Desenvolvimento, que decorrerá até sexta-feira na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações.
Depois da intervenção do primeiro-ministro, José Sócrates, em que sublinhou a importância de um acordo global na luta contra as alterações climáticas, o presidente da Comissão Europeia seguiu a mesma linha, sublinhando que o mundo está perante "um problema de desenvolvimento".
"Se não travarmos desde já o aumento do aquecimento global, os efeitos das alterações climáticas e consequentes catástrofes naturais serão dramáticos, pondo em risco a própria existência de certos países insulares, de zonas costeiras e a sobrevivência das populações em muitos pontos do globo", advertiu Barroso.
O presidente da Comissão Europeia avisou ainda que, caso não se atinjam as metas de redução de CO2 em pelo menos 50 por cento até 2050, "tomando como referência os níveis de 1990, as consequências das alterações climáticas em termos sociais, económicos e ambientais poderão tornar-se simultaneamente irreversíveis e incontroláveis". "Essas consequências afectarão directamente os nossos esforços para reduzir a pobreza e a fome no mundo", acrescentou.
Neste contexto, o ex-primeiro-ministro defendeu que a Europa deverá "assumir uma posição de forte liderança nas negociações com vista a um acordo internacional em matéria de alterações climáticas para o período pós-2012".
"As alterações climáticas implicam, sem dúvida, o reconhecimento de um dever de solidariedade para com os países em desenvolvimento mais vulneráveis aos seus efeitos", salientou.
Por essa razão, segundo Barroso, a Comissão Europeia propôs "uma nova aliança entre a UE e os países em vias de desenvolvimento mais afectados pelas alterações climáticas e com menos recursos para lutar contra os seus efeitos".
"Assumiremos a nossa parte de responsabilidade, oferecendo maior apoio financeiro para a aplicação das medidas de adaptação e atenuação dos efeitos das alterações climáticas e para a transferência de tecnologia de que os países mais vulneráveis necessitam", assegurou o presidente da Comissão Europeia.
Durão Barroso fez ainda alusões à cimeira entre UE e África, que se realizará em Dezembro, em Lisboa, designadamente em relação à projectada parceria estratégica na área da energia.
"Um dos objectivos desta parceria consiste em desenvolver os recursos financeiros e humanos necessários para uma política energética sustentável em África. Pretende-se promover as condições favoráveis ao investimento em infra-estruturas no domínio da energia, incluindo as energias renováveis, bem como a transparência e a estabilidade do mercado", explicou.
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