O Relatório do Estado do Ambiente (REA) de 2006 faz uma análise pouco positiva do cenário nacional. Entre os 26 parâmetros analisados, 12 são considerados insuficientes, sete desfavoráveis e apenas sete positivos.
De acordo com o documento divulgado recentemente pela Agência Portuguesa do Ambiente, em 2005 cerca de 73 por cento da população do Continente era servida por sistemas públicos de drenagem, mas apenas 66 por cento tinha sistemas de tratamento de águas residuais.
O panorama dos gases com efeito de estufa (GEE) também não apresenta uma avaliação favorável. Portugal encontra-se entre os países da UE-25 com capitações de emissões de GEE mais reduzidas, mas em 2005 a quantidade de emissões destes gases situava-se cerca de 45 por cento acima do valor de 1990, afastando-se aproximadamente 18 por cento da meta estabelecida para 2008-2012 no Protocolo de Quioto. As principais fontes de emissão de GEE estão associadas ao sector da produção e transformação de energia (28 por cento das emissões totais em 2005) e ao sector dos transportes (23 por cento das emissões totais em 2005).
A correlação das emissões de GEE de origem antropogénica com a ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos tem vindo a ser reconhecida pela comunidade científica internacional. O ano de 2006 foi o quinto mais quente em Portugal continental desde 1931, e a onda de calor registada em Julho de 2006, quer pela sua extensão espacial, quer temporal, foi a mais significativa observada desde 1941.
O combate à poluição atmosférica teve também um desempenho fraco, ao nível das emissões de substâncias precursoras do ozono troposférico. Isto apesar das concentrações anuais terem-se mantido ou apresentarem uma tendência de diminuição. Estes são os poluentes que mais contribuem para a deterioração da qualidade do ar no País, e os mais preocupantes em termos de saúde pública. Os episódios de poluição por ozono troposférico também mancharam este capítulo. Em 2006 registaram-se 45 dias com ultrapassagens do limiar de informação ao público para o ozono troposférico, menos 24 do que no ano anterior. No mesmo ano, das 22 áreas monitorizadas, dez ultrapassaram os valores limites diários de partículas inaláveis.
No sector da água o cenário é mais satisfatório. Em 2005 a percentagem de incumprimento dos valores paramétricos foi de 2,5 por cento, registando-se uma ligeira melhoria relativamente a 2004 (2,7 por cento). Apesar da situação de seca generalizada observada em 2005, a percentagem de incumprimento dos valores paramétricos relativos à qualidade da água para consumo humano registou uma ligeira melhoria relativamente ao ano anterior. A qualidade das águas balneares também tem vindo a melhorar gradualmente, quer as águas balneares costeiras e estuarinas, quer as águas balneares interiores. Na época balnear de 2006 a percentagem de águas balneares costeiras e estuarinas com boa qualidade atingiu mais de 90 por cento, e a das água balneares interiores mais de 58 por cento.
Sem comentários:
Enviar um comentário