Lic de Biologia no ISA

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sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Premiada descoberta de um novo mecanismo que controla progressão da esclerose múltipla

Ângelo Chora
Ângelo Chora
Um estudo que identificou uma nova possibilidade terapêutica para doenças neurodegenerativas como a esclerose múltipla, desenvolvido pelo investigador Ângelo Chora, venceu o prémio Citomed 2007.

A Esclerose múltipla é uma doença neuroinflamatória e autoimune que ataca o sistema nervoso central, atingindo cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

No estudo "Heme oxygenese-1 and carbon monoxide suppress autoimmune neuroinflammation", publicado em Fevereiro deste ano no Journal of Clinical Investigation, a equipa liderada pelo investigador no Instituto Gulbenkian da Ciência revela como conseguiu controlar a progressão do processo inflamatório que ocorre no sistema nervoso central através da modelagem da expressão do gene protector Heme Oxigenase-1 em animais com esclerose múltipla.

Durante o processo neuroinflamatório, o aumento da expressão da enzima Heme oxygenase-1 aumenta também a produção do monóxido de carbono responsável pelo controlo da inflamação no Sistema Nervoso Central, de forma que, segundo o estudo, a enzima mostrou-se fundamental para dominar alguns dos pontos essenciais para a progressão do processo inflamatório.

Segundo os investigadores, este processo permitiu reduzir a evolução clínica da doença em cerca de 70 por cento. O trabalho premiado destaca ainda a possibilidade de estes resultados serem comuns a outras doenças com mecanismos inflamatórios em outros órgãos do organismo.

A expressão da enzima no controlo da inflamação

O investigador pretende continuar a investigar o papel da expressão da enzima no controlo da inflamação e a possibilidade da Heme oxygenase-1 ter também um papel protector para com os tecidos que são alvo da resposta inflamatória. A Esclerose Múltipla é uma doença inflamatória crónica, desmielinizante e degenerativa do sistema nervoso central que interfere com a capacidade deste em controlar funções como a visão, a locomoção e o equilíbrio, entre outras.

Os sintomas podem ser leves ou severos e aparecem e desaparecem, total ou parcialmente, de maneira imprevisível. Não tem cura actualmente, mas já existem medicamentos contribuem para o alívio dos sintomas. Atinge aproximadamente 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo, cerca de cinco mil das quais em Portugal.

O prémio, concedido em conjunto pela Associação Viver a Ciência (VaC), Sociedade Portuguesa de Imunologia (SPI) e a empresa Citomed, atribui cinco mil euros ao melhor artigo publicado anualmente na área de Imunologia básica ou aplicada, desde que a investigação que lhe deu origem tenha sido total ou parcialmente desenvolvida numa instituição portuguesa.

Metade do valor do prémio pode ser usado livremente pelos autores, sendo a outra metade obrigatoriamente para aplicar em investigação científica. No ano passado, o prémio foi atribuído à investigadora do Instituto Gulbenkian da Ciência Leonor Sarmento, pela descoberta do processo que adia a maturidade das células.

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